Produtores brasileiros negam irregularidades em algodão exportado, usado em roupas de varejistas de moda como Zara e H&M, frente a supostos desmatamentos.
Recentemente, a ONG britânica Erathsigth chocou o público ao revelar informações alarmantes relacionadas ao setor têxtil, apontando para possíveis conexões entre grandes varejistas de moda como Zara e H&M e casos suspeitos de desmatamento e violações de direitos humanos. O relatório divulgado pela organização levantou questões críticas sobre a cadeia de produção de algodão, identificando mais de 800 mil toneladas da fibra provenientes de áreas com sinais de desmatamento e outras irregularidades.
Além das preocupações com o desmatamento, as investigações da ONG destacam a importância de garantir a origem ética dos produtos comercializados pelas grandes marcas. É fundamental que as empresas monitorem de perto seus fornecedores e adotem práticas que promovam a sustentabilidade em toda a cadeia de produção. A transparência e a responsabilidade ambiental são elementos essenciais para combater o ciclo de desmatamento e as irregularidades que afetam tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais.
Desmatamento na Bahia alerta ONG
No foco das investigações da Earthsigth estão as propriedades do Grupo Horita e da SLC Agrícola na Bahia, acusadas de estarem envolvidas em supostos casos de desmatamento. O algodão produzido nessas áreas teria chegado às varejistas de moda por meio de intermediários, gerando preocupações ambientais.
Em meio a alegações de irregularidades, a Earthsigth revelou que os fornecedores de marcas como H&M e Zara adquirem algodão cultivado no oeste da Bahia, proveniente dessas propriedades. Apesar de o algodão rastreado ter certificação de sustentabilidade da Better Cotton Initiative (BCI), a ONG levanta questionamentos sobre a aplicação efetiva dos critérios ambientais.
A BCI, considerado o maior programa de sustentabilidade para o algodão, tem sido alvo de críticas por suas regras controversas. Atualizações recentes permitem que algodão de terras desmatadas ilegalmente antes de 2020 seja certificado como sustentável, levantando preocupações sobre a eficácia do programa em coibir o desmatamento.
As áreas em questão, como Estrondo e Capão do Modesto, têm sido cenário de conflitos fundiários e disputas territoriais há décadas. A ONG baseia suas denúncias em relatos de comunidades locais e ações judiciais relacionadas à grilagem e apropriação indevida de terras públicas, datadas das décadas de 1970 e 1980.
A SLC Agrícola é acusada de se beneficiar de uma área de reserva legal em Capão do Modesto, enquanto o Grupo Horita é apontado como proprietário da Fazenda Alegre, em litígio na região. Embora as empresas neguem as sobreposições de áreas, as acusações levantadas pela Earthsigth destacam a necessidade de maior transparência e rigor na fiscalização do desmatamento.
Essas descobertas evidenciam a importância de investigar a cadeia de suprimentos de algodão, desde a produção até a exportação, para garantir a sustentabilidade e a proteção ambiental. A colaboração entre diversos setores, incluindo varejistas de moda, empresas produtoras e organizações ambientais, é essencial para combater o desmatamento e promover práticas sustentáveis na indústria têxtil.
Fonte: @ Info Money
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