A CVM, com ação proativa e estratégica, avança de fato no desenvolvimento de novos caminhos ESG no mercado de capitais brasileiro.
Ao ingressar no mercado de capitais em 2009, proveniente do mercado financeiro, deparei-me com um ambiente repleto de oportunidades para promover a agenda ESG. Minha transição da área de sustentabilidade no Itaú para a Bolsa brasileira, então BM&FBOVESPA, hoje B3, evidenciou o poder transformador que permeia o mercado de capitais.
Explorar as interseções entre o mercado de capitais e o mercado financeiro revelou-se um desafio instigante e enriquecedor. A sinergia entre esses universos impulsiona a inovação e a sustentabilidade, criando oportunidades únicas de investimento e crescimento a longo prazo. Essa dinâmica única do mercado de capitais desempenha um papel crucial na integração de práticas financeiras responsáveis e no fomento de um ecossistema mais resiliente e equitativo, demonstrando que a evolução do sistema financeiro está intrinsecamente ligada à promoção de valores sustentáveis.
Mercado de Capitais: Rumo a um Desenvolvimento Sustentável
Ao longo de uma década atuando no mercado financeiro, pude notar como os autorreguladores e reguladores desempenham um papel fundamental em abrir novos caminhos e promover ações que propõem um desenvolvimento de fato sustentável. O ecossistema absolutamente potente que envolve o mercado de capitais requer a sensibilidade para implementar medidas que impulsionem um crescimento sólido e consistente.
Durante meu período de colaboração com a Bolsa e a CVM, houve uma parceria significativa no estímulo à transparência de informações de sustentabilidade entre as empresas listadas. Essa abordagem não só fortaleceu a integridade do mercado, mas também impulsionou práticas mais responsáveis e alinhadas com as demandas atuais da sociedade.
No entanto, é essencial olhar não apenas para o passado, mas focar no presente e no futuro do mercado de capitais. A atuação decisiva da CVM – Comissão de Valores Mobiliários é digna de destaque nesse cenário. O ‘Plano de Ação de Finanças Sustentáveis’ lançado pela autarquia para o biênio 2023-2024 apresenta 17 iniciativas que demonstram um compromisso claro com o desenvolvimento sustentável.
Este plano, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, reflete a importância de adotar práticas que consideram não apenas o retorno financeiro, mas também o impacto social e ambiental. A sustentabilidade no mercado de capitais não deve ser vista como uma simples lista de verificação, mas sim como uma abordagem estratégica e abrangente que requer o engajamento de todos os stakeholders.
Ao analisar as 17 iniciativas propostas, é possível categorizá-las em ações internas, interações com as companhias, impacto no mercado, programas de letramento, transparência, pesquisa e influência na política pública. Cada uma dessas ações desempenha um papel fundamental na construção de um mercado de capitais mais sustentável e ético.
Destaco, em especial, a iniciativa de ‘Endossar as Normas de Sustentabilidade IFRS S1 e S2 emitidas pelo ISSB’, que demonstra o compromisso em alinhar as práticas contábeis com os princípios da sustentabilidade. Essa medida não apenas promove a transparência e a consistência nas informações financeiras, mas também incentiva a adoção de boas práticas ambientais e sociais pelas empresas listadas.
O mercado de capitais está em constante evolução, e a adoção de medidas como as propostas pela CVM é essencial para garantir que esse desenvolvimento seja sustentável a longo prazo. O momento atual oferece oportunidades únicas para transformar o mercado financeiro em um agente de mudança positiva, impulsionando a inovação e a responsabilidade em todas as esferas de atuação.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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