O governo Lula III difere do Lula I. A falta de sucesso atual é atribuída ao futuro. A reforma tributária é essencial para o tripé macroeconômico.
Considere, caro leitor, que o presidente Lula da Silva fosse Marty McFly, o protagonista do filme ‘De Volta para o Futuro’, e tivesse viajado, em 2003, para 2024 e lá testemunhasse seu governo futuro.
Imaginando essa situação, é possível vislumbrar um cenário destinado a revelar desafios e conquistas que o aguardam no futuro. O presidente Lula da Silva, ao se deparar com seu governo em 2024, certamente teria uma perspectiva única sobre as transformações e decisões que moldaram seu futuro político.
O Futuro de Lula e a Economia Brasileira
Ao vislumbrar o futuro, Lula volta atrás e decide reformular seu primeiro mandato, baseando-se no tripé macroeconômico estabelecido por FHC, com superávits primários, metas de inflação e câmbio flutuante. Nesse cenário, nomes como Palocci, Meirelles, Lisboa e Levy se destacam em sua equipe, resultando em um governo Lula III notavelmente diferente do Lula I.
Comparando os dois mandatos, é evidente que a falta de sucesso do governo atual em relação ao passado se deve, em grande parte, ao ‘futuro’. O primeiro semestre de 2024 é considerado como ponto de análise, após um 2023 marcado por questões políticas, embora avanços tenham sido feitos na economia, como a aprovação do novo arcabouço fiscal e do texto base da reforma tributária, ainda pendente de regulamentação.
Até o momento, em meados de junho, o real sofre uma desvalorização de 12% em relação ao dólar, enquanto o rendimento da NTN-B de 2035 ultrapassa os 6%, gerando um cenário de estresse econômico. A bolsa brasileira também enfrenta dificuldades, com uma queda superior a 11% até o momento.
Essa situação desfavorável pode ser atribuída a diversos fatores, como as incertezas em torno do quadro fiscal e do novo arcabouço, as expectativas em relação ao próximo presidente do Banco Central, a saída de investidores estrangeiros do mercado brasileiro e a política monetária americana menos favorável do que o esperado.
A substituição do ‘Teto dos Gastos’ pelo novo arcabouço fiscal levantou questionamentos, especialmente diante da redução das projeções do governo e dos possíveis contingenciamentos de despesas, que carecem de credibilidade. Com um déficit nominal acima de 9%, as perspectivas de reversão se tornam mais limitadas, principalmente com a possibilidade de interrupção do ciclo de queda dos juros pelo Banco Central.
Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem enfrentado desafios dentro do governo, assemelhando-se à situação de Palocci no governo Lula I e de Levy na gestão de Dilma. Enquanto isso, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é alvo de críticas por parte do PT, o que gera incertezas em relação à sua sucessão a partir de 2025.
No cenário internacional, as expectativas em torno das decisões do FED em relação à taxa de juros têm sido ajustadas, com previsões menos otimistas do que anteriormente. Isso levou muitos investidores estrangeiros a realocarem seus recursos para mercados com perspectivas de juros mais altos, como os Estados Unidos.
Mesmo com essas mudanças, as bolsas americanas têm apresentado um desempenho excepcional, com o Nasdaq e o S&P 500 registrando valorizações significativas. O setor de inteligência artificial, em especial empresas como Nvidia, tem impulsionado esses ganhos, evidenciando a importância da inovação e tecnologia no cenário econômico atual.
Fonte: @ Valor Invest Globo
Comentários sobre este artigo