O pífio pacote fiscal desmonta as melhores expectativas e termos, como expectativas, sinais, cenários, despesas e oportunidades.
A credibilidade dos líderes políticos, como o presidente Lula, é um tema crucial para a tomada de decisões. A confiança depositada em governantes influencia diretamente a percepção da população sobre a capacidade de gestão dos assuntos públicos. Acreditar nas promessas de um candidato pode torná-lo mais propenso a ser eleito, pois acredita-se que ele terá a credibilidade necessária para levar adiante projetos importantes para o país.
Na economia, a credibilidade também é fundamental. A confiança dos investidores nos governantes e nas instituições pode impulsionar o crescimento econômico. A falta de credibilidade pode, ao contrário, levar a uma instabilidade financeira e a uma crise econômica. Como exemplo disso, a crise financeira de 2008, que começou nos Estados Unidos, foi em grande parte causada pela falta de credibilidade dos bancos e das instituições financeiras.
Expectativas em Ebulição
O prazo esticado para o anúncio do pacote fiscal gerou um suspense insuportável, alimentando cenários de desespero entre os céticos. Já os crentes agonizavam, esperando o dia em que as promessas seriam cumpridas. O anúncio final, após semanas de negociações e especulações, foi como um golpe de misericórdia nas melhores expectativas. Os desconfiados alegaram que o pacote era, pelo menos, tão ruim quanto o esperado, enquanto os que ainda mantinham a fé caíram em desilusão, procurando explicações para o abismo.
O pacote fiscal, apesar de ser uma medida para reduzir despesas e promover a economia, surpreendentemente gerou uma economia de cerca de R$ 30 a R$ 40 bilhões por ano, estimada. Isso se deve à redução gradual no ritmo de crescimento das despesas e dos chamados ‘pentes-finos’, algo que o governo já vinha implementando desde o início do mandato. É importante lembrar que os analistas especializados em orçamento público estimavam uma necessidade de R$ 70 bilhões, com um mínimo de R$ 40 bilhões. A proposta de elevação do limite de isenção de IR para R$ 5.000, uma medida de motivação política, acabou por contaminar o pacote e o tornou um ‘cavalo de Tróia’ para a economia.
O governo, cada vez mais, parece perder a guerra pela credibilidade. Em abril, o envio do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), que propunha rever as metas de superavit fiscal, marcou o primeiro grande choque de reversão de expectativas, alimentado pela desconfiança sobre a gestão. Os analistas especializados em orçamento público estimavam uma necessidade de R$ 70 bilhões, com um mínimo de R$ 40 bilhões.
A impressão é que o governo desperdiçou sua última chance de colocar a economia em uma rota de crescimento sustentável, com inflação em torno da meta e expectativas positivas. O relatório Focus, divulgado no início do ano, indicava inflação em 3,90% no ano, PIB de 1,60%, câmbio de R$ 4,95 e Selic a 9% no final do ano. Já o último Focus, de 29/11, mostrou uma evolução positiva apenas no PIB, para 3,22%. A inflação está acima do teto da meta, em 4,71%, câmbio em R$ 5,70 e Selic em 11,75%.
Sobre as boas notícias vindas do PIB e do desemprego, há um consenso entre os analistas de que elas se devem ao forte impulso fiscal promovido pelo governo. Só neste ano, a relação dívida/PIB já acumula um crescimento de 4,2%. Como contrapartida desta expansão fiscal, a política monetária tem sido mais contracionista.
A deterioração das expectativas não pode ser imputada exclusivamente ao governo. Enchentes em Rio Grande do Sul, queimadas no Centro-Oeste e aumento do risco global com as tensões geopolíticas são fatos fora do domínio. O governo deveria redobrar os esforços no que depende de nós. No entanto, quando se parte do diagnóstico errado, fica muito difícil de reparar o dano. E este parece o caso aqui.
O governo perdeu a guerra pela credibilidade. Acredita-se que o governo começou a perder a guerra pela credibilidade em abril passado, quando encaminhou Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) em que propôs rever as metas de superavit fiscal de 2025, de 0,5% para 0% do PIB, e de 2026, de 1% para 0,25%.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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